O CORVO de Edgar Allan Poe (1809-1849)
Traduzido por Eduardo Capistrano
(preservando a estrutura de rima)
O texto original utilizado foi obtido na página da The Edgar Allan Poe Society of Baltimore. Publicado em 25 de setembro de 1849 no Semi-Weekly Examiner (o texto "T" de Thomas Ollive Mabbott) geralmente aceita como a última versão autorizada do texto.
(Esta tradução, acompanhada do texto original, está no livro Lamento e Perdição.)
O CORVO.
Uma vez em um meio de noite desanimado, enquanto eu ponderava, fraco e cansado,
Sobre vários volumes de saber esquecido, curiosos e sem iguais --
Enquanto eu meneava, quase dormente, veio um tanger repentinamente,
Como alguém batendo gentilmente, à minha câmara batendo nos portais.
É algum visitante, resmunguei, à minha câmara tangendo nos portais.
Apenas isso e nada mais."
Ah, distintamente me lembro era no lúgubre Dezembro;
E cada brasa em estertor macabro no chão fazia trabalhos fantasmais.
Com ânsia pela manhã estava a desejar; — vãmente eu procurava emprestar
De meus livros cessação para o pesar — pesar pela Lenore que não se acha mais —
Pois a rara e radiante donzela a quem chamam Lenore os angelicais —
Cá inominada para sempre e mais.
E a sedosa, triste, obscura farfalhada de cada cortina púrpura
Comovia-me — enchia-me de terrores fantásticos que não sentira antes, jamais;
De modo que agora, para acalmar o bater de meu coração, repeti sem parar
"É algum visitante tardio a buscar entrada nos meus portais —
Algum visitante tardio a buscar entrada nos meus portais —
É isto o que é e nada mais."
Presentemente minha alma foi mais forte ficando, então não mais hesitando,
"Senhor", disse eu, "ou Madame, em verdade eu imploro, se me perdoais;
Mas o fato é que eu estava dormente, e você veio bater tão gentilmente,
E veio você tanger tão tenuamente, tanger aos meus portais,
Que mal tinha certeza de tê-lo escutado" — aqui abri bem os portais; ——
Escuridão lá e nada mais.
Fundo naquela escuridão mirando, muito fiquei lá ponderando, receando,
Duvidando, sonhando sonhos que mortal algum ousou sonhar, jamais;
Mas o silêncio estava inquebrado, e a quietude sem sinal dado,
E o único termo lá falado foi "Lenore?", palavra que em sussurro se faz
Isto sussurrei, e um eco em murmúrio a palavra "Lenore!" de volta me traz —
Meramente isso e nada mais.
Para dentro da câmara voltando, toda a alma dentro de mim queimando,
Logo de novo uma batida escutando mais alta que antes, um tanto mais.
"Certamente", disse eu, "é algo à treliça de minha janela, certamente;
Deixe-me ver o que está lá, entrementes, e explorar estes mistérios tais; —
Deixe meu coração ficar calmo um momento e explorar estes mistérios tais; —
É o vento e nada mais!"
Aberta lancei a persiana neste instante, quando, muito agitado e meneante,
Para dentro pisou um Corvo imponente dos santos tempos ancestrais;
Nem a mínima reverência fez ele; nem um minuto parou ou se deteve ele;
Mas, com o porte de lorde ou dama dele, empoleirou-se sobre os meus portais —
Empoleirou-se sobre um busto de Pallas logo sobre os meus portais —
Empoleirou-se, e sentou, e nada mais.
Então este pássaro ebâneo seduzindo meu triste ânimo e me fez sorrindo,
Por causa do grave e sério decoro de expressão que faz,
"Apesar de teu penacho tosado e raspado, tu", eu disse, "és decerto nenhum acovardado,
Lúrido austero e antigo Corvo viajado desde as costas Noturnais —
Conte-me qual é teu nome senhoril nas Plutonianas costas Noturnais!"
Proferiu o Corvo "Nunca Mais".
Muito me maravilhou este desajeitado pássaro ao escutar discurso tão articulado,
Apesar de sua resposta pouco significado — pouca relevância traz;
Pois discordar não vamos poder que nenhum humano ser
Algum dia foi abençoado em ver pássaro sobre os seus portais —
Pássaro ou besta no busto esculpido sobre os seus portais,
Com tal nome como "Nunca Mais".
Mas o Corvo, sozinho a sentar sobre o busto plácido, apenas a falar
Só aquela palavra, como se naquela palavra despejasse suas forças espirituais.
Nada além ele então pronunciava — nem uma pena ele então farfalhava —
Até que eu pouco mais do que balbuciava "Outros amigos voaram tempos atrás —
Na manhã em que ele irá me deixar, como minhas Esperanças voaram tempos atrás."
Então o pássaro disse "Nunca mais".
Surpreso com a quietude quebrada por resposta tão aptamente falada,
"Sem dúvida," disse eu, "o que profere é o único depósito em seus arsenais
Colhido de algum mestre desgostoso a quem o Desastre impiedoso
Veio com ardor e veio mais ardoroso até que em suas canções um só fardo jaz —
Até que nas endechas de suas Esperanças aquele melancólico fardo jaz
De 'Nunca — nunca mais'."
Mas o Corvo ainda seduzindo meu triste ânimo e me deixar sorrindo,
Direto rodei um assento acolchoado para a frente do pássaro, e busto e portais;
Então, sobre o veludo afundando, me dediquei a ficar vinculando
Ânimo com ânimo, pensando o que esta ominosa ave de eras ancestrais —
O que esta lúrida, desajeitada, lúgubre, esguia e ominosa ave de eras ancestrais
Pretendia ao coaxar "Nunca mais".
Isto sentado me engajei em adivinhar, mas nenhuma sílaba a expressar
Para a ave cujo olhar agora ardia fundo em meu peito com fogo vivaz;
Isto e mais adivinhando sentado, minha cabeça em descanso reclinado
Na almofada de forro aveludado que sob a luz da lâmpada jaz,
Mas cujo forro violeta aveludado que sob a luz da lâmpada jaz,
Ela não irá amassar, ah, nunca mais!
Então, pensei comigo, o ar ficou mais denso, perfumado por invisível incenso
Balançado por serafins cujas pegadas no chão tufado soavam com tilintares.
"Desgraça," eu clamei, "teu Deus concedeu a ti — por estes anjos ele enviou a ti
Repouso — repouso e nepente, para memórias de Lenore não ter mais;
Traga, oh traga este gentil nepente e esta perdida Lenore não lembre mais"
Proferiu o Corvo "Nunca mais".
"Profeta!" disse eu, "coisa do mal! — se ave ou diabo, ainda augural! —
Se enviado pelo Tentador, ou se pela tempestade aqui por terra cais,
Desolado mas todo inabalado, neste deserto reino encantado —
Neste lar pelo Horror assombrado — conta a verdade, imploro, se te apraz —
Haverá — haverá bálsamo em Gileade? — conta-me — conta, se te apraz!"
Proferiu o Corvo "Nunca mais".
"Profeta!" disse eu, "coisa do mal! — se ave ou diabo, ainda augural! —
Por aquele Céus que curva sobre nós — por aquele Deus que eu e vós adorais
Conte a esta alma de mágoa tão pesada se, na distante edênica morada,
Ela agarra uma donzela santificada a quem chamam Lenore os angelicais —
Agarra uma rara donzela iluminada a quem chamam Lenore os angelicais."
Proferiu o Corvo "Nunca mais".
"Seja esta palavra nosso sinal de adeus, ave ou diabo!" de um salto, gritei eu —
"Retorne-te para dentro da tempestade e das Plutonianas costas Noturnais!
Deixe nenhuma pluma negra para ser lembrada aquela mentira por tua alma falada!
Deixe minha solidão inquebrada! — desiste do busto sobre meus portais!
Leva teu bico para fora de meu coração, e leve tua forma de sobre meus portais!"
Proferiu o Corvo "Nunca mais".
E o Corvo, nunca esvoaçando, está ainda sentando, ainda sentando
Sobre o pálido busto de Pallas à minha câmara sobre os portais;
E seus olhos vêm aparentando os de um demônio que está sonhando,
E a luz da lâmpada sobre ele emanando no chão arremesso de sua sombra faz;
E minha alma daquela sombra que flutuando sobre o chão jaz
Não será erguida — nunca mais!
O CORVO.
Uma vez em um meio de noite desanimado, enquanto eu ponderava, fraco e cansado,
Sobre vários volumes de saber esquecido, curiosos e sem iguais --
Enquanto eu meneava, quase dormente, veio um tanger repentinamente,
Como alguém batendo gentilmente, à minha câmara batendo nos portais.
É algum visitante, resmunguei, à minha câmara tangendo nos portais.
Apenas isso e nada mais."
Ah, distintamente me lembro era no lúgubre Dezembro;
E cada brasa em estertor macabro no chão fazia trabalhos fantasmais.
Com ânsia pela manhã estava a desejar; — vãmente eu procurava emprestar
De meus livros cessação para o pesar — pesar pela Lenore que não se acha mais —
Pois a rara e radiante donzela a quem chamam Lenore os angelicais —
Cá inominada para sempre e mais.
E a sedosa, triste, obscura farfalhada de cada cortina púrpura
Comovia-me — enchia-me de terrores fantásticos que não sentira antes, jamais;
De modo que agora, para acalmar o bater de meu coração, repeti sem parar
"É algum visitante tardio a buscar entrada nos meus portais —
Algum visitante tardio a buscar entrada nos meus portais —
É isto o que é e nada mais."
Presentemente minha alma foi mais forte ficando, então não mais hesitando,
"Senhor", disse eu, "ou Madame, em verdade eu imploro, se me perdoais;
Mas o fato é que eu estava dormente, e você veio bater tão gentilmente,
E veio você tanger tão tenuamente, tanger aos meus portais,
Que mal tinha certeza de tê-lo escutado" — aqui abri bem os portais; ——
Escuridão lá e nada mais.
Fundo naquela escuridão mirando, muito fiquei lá ponderando, receando,
Duvidando, sonhando sonhos que mortal algum ousou sonhar, jamais;
Mas o silêncio estava inquebrado, e a quietude sem sinal dado,
E o único termo lá falado foi "Lenore?", palavra que em sussurro se faz
Isto sussurrei, e um eco em murmúrio a palavra "Lenore!" de volta me traz —
Meramente isso e nada mais.
Para dentro da câmara voltando, toda a alma dentro de mim queimando,
Logo de novo uma batida escutando mais alta que antes, um tanto mais.
"Certamente", disse eu, "é algo à treliça de minha janela, certamente;
Deixe-me ver o que está lá, entrementes, e explorar estes mistérios tais; —
Deixe meu coração ficar calmo um momento e explorar estes mistérios tais; —
É o vento e nada mais!"
Aberta lancei a persiana neste instante, quando, muito agitado e meneante,
Para dentro pisou um Corvo imponente dos santos tempos ancestrais;
Nem a mínima reverência fez ele; nem um minuto parou ou se deteve ele;
Mas, com o porte de lorde ou dama dele, empoleirou-se sobre os meus portais —
Empoleirou-se sobre um busto de Pallas logo sobre os meus portais —
Empoleirou-se, e sentou, e nada mais.
Então este pássaro ebâneo seduzindo meu triste ânimo e me fez sorrindo,
Por causa do grave e sério decoro de expressão que faz,
"Apesar de teu penacho tosado e raspado, tu", eu disse, "és decerto nenhum acovardado,
Lúrido austero e antigo Corvo viajado desde as costas Noturnais —
Conte-me qual é teu nome senhoril nas Plutonianas costas Noturnais!"
Proferiu o Corvo "Nunca Mais".
Muito me maravilhou este desajeitado pássaro ao escutar discurso tão articulado,
Apesar de sua resposta pouco significado — pouca relevância traz;
Pois discordar não vamos poder que nenhum humano ser
Algum dia foi abençoado em ver pássaro sobre os seus portais —
Pássaro ou besta no busto esculpido sobre os seus portais,
Com tal nome como "Nunca Mais".
Mas o Corvo, sozinho a sentar sobre o busto plácido, apenas a falar
Só aquela palavra, como se naquela palavra despejasse suas forças espirituais.
Nada além ele então pronunciava — nem uma pena ele então farfalhava —
Até que eu pouco mais do que balbuciava "Outros amigos voaram tempos atrás —
Na manhã em que ele irá me deixar, como minhas Esperanças voaram tempos atrás."
Então o pássaro disse "Nunca mais".
Surpreso com a quietude quebrada por resposta tão aptamente falada,
"Sem dúvida," disse eu, "o que profere é o único depósito em seus arsenais
Colhido de algum mestre desgostoso a quem o Desastre impiedoso
Veio com ardor e veio mais ardoroso até que em suas canções um só fardo jaz —
Até que nas endechas de suas Esperanças aquele melancólico fardo jaz
De 'Nunca — nunca mais'."
Mas o Corvo ainda seduzindo meu triste ânimo e me deixar sorrindo,
Direto rodei um assento acolchoado para a frente do pássaro, e busto e portais;
Então, sobre o veludo afundando, me dediquei a ficar vinculando
Ânimo com ânimo, pensando o que esta ominosa ave de eras ancestrais —
O que esta lúrida, desajeitada, lúgubre, esguia e ominosa ave de eras ancestrais
Pretendia ao coaxar "Nunca mais".
Isto sentado me engajei em adivinhar, mas nenhuma sílaba a expressar
Para a ave cujo olhar agora ardia fundo em meu peito com fogo vivaz;
Isto e mais adivinhando sentado, minha cabeça em descanso reclinado
Na almofada de forro aveludado que sob a luz da lâmpada jaz,
Mas cujo forro violeta aveludado que sob a luz da lâmpada jaz,
Ela não irá amassar, ah, nunca mais!
Então, pensei comigo, o ar ficou mais denso, perfumado por invisível incenso
Balançado por serafins cujas pegadas no chão tufado soavam com tilintares.
"Desgraça," eu clamei, "teu Deus concedeu a ti — por estes anjos ele enviou a ti
Repouso — repouso e nepente, para memórias de Lenore não ter mais;
Traga, oh traga este gentil nepente e esta perdida Lenore não lembre mais"
Proferiu o Corvo "Nunca mais".
"Profeta!" disse eu, "coisa do mal! — se ave ou diabo, ainda augural! —
Se enviado pelo Tentador, ou se pela tempestade aqui por terra cais,
Desolado mas todo inabalado, neste deserto reino encantado —
Neste lar pelo Horror assombrado — conta a verdade, imploro, se te apraz —
Haverá — haverá bálsamo em Gileade? — conta-me — conta, se te apraz!"
Proferiu o Corvo "Nunca mais".
"Profeta!" disse eu, "coisa do mal! — se ave ou diabo, ainda augural! —
Por aquele Céus que curva sobre nós — por aquele Deus que eu e vós adorais
Conte a esta alma de mágoa tão pesada se, na distante edênica morada,
Ela agarra uma donzela santificada a quem chamam Lenore os angelicais —
Agarra uma rara donzela iluminada a quem chamam Lenore os angelicais."
Proferiu o Corvo "Nunca mais".
"Seja esta palavra nosso sinal de adeus, ave ou diabo!" de um salto, gritei eu —
"Retorne-te para dentro da tempestade e das Plutonianas costas Noturnais!
Deixe nenhuma pluma negra para ser lembrada aquela mentira por tua alma falada!
Deixe minha solidão inquebrada! — desiste do busto sobre meus portais!
Leva teu bico para fora de meu coração, e leve tua forma de sobre meus portais!"
Proferiu o Corvo "Nunca mais".
E o Corvo, nunca esvoaçando, está ainda sentando, ainda sentando
Sobre o pálido busto de Pallas à minha câmara sobre os portais;
E seus olhos vêm aparentando os de um demônio que está sonhando,
E a luz da lâmpada sobre ele emanando no chão arremesso de sua sombra faz;
E minha alma daquela sombra que flutuando sobre o chão jaz
Não será erguida — nunca mais!
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