Para a publicação experimental de meu primeiro livro, resolvi fazê-la de modo independente, querendo dizer que arcaria com todos os custos de impressão e assumiria o trabalho de vender os livros depois. Portanto, estava resolvido a fazer uma tiragem pequena. Na busca por formas de imprimir o livro em 2006-2007, descobri editoras que ofereciam a impressão com metodologia digital, oposta à off-set tradicional. O método digital permite tiragens muito pequenas e impressão sob demanda, mas impõe algumas restrições ao resultado final, especificamente a encadernação. Tendo a prioridade de publicar poucos livros, me decidi por uma dessas editoras, e por resultado obtive 100 exemplares a um custo unitário de R$20,40. A princípio, imaginei se poderia vendê-los por um valor que permitiria o lucro, com o qual faria mais exemplares. Logo, o preço unitário e as dificuldades na divulgação e distribuição descartaram essa ideia. (Meu primeiro livro "Histórias Estranhas", na página da editora)
Alguns dos contos que integram "A Quarta Dimensão" já estavam escritos em 2003, antes do primeiro livro ser concluído e de eu ter a ideia para um livro de contos sobre o tempo. Quando a ideia de lançar "Histórias Estranhas" foi se aproximando da realidade, inevitavelmente cogitei o que viria a seguir. Analisei meus contos e logo percebi que muitos abordavam o tempo, pela ambientação no passado ou no futuro, ou por contato entre épocas diferentes. Alguns poderiam figurar sem dificuldade, por lidarem com memórias e contato entre gerações. A princípio incluí três contos que se passavam no presente, mas sem nenhum contato com o tempo, apenas para dar mais corpo ao livro. Nunca fiquei realmente satisfeito com isso, sentia que estavam deslocados e que facilmente seriam detectados como "penetras". Resolvi tirá-los, e fazer algo que nunca havia feito: escrever contos voltados especificamente à temática, para integrar o livro. O nome original da coletânea era "Futuro Passado, ou Passado Futuro" - uma brincadeira com os dois termos para que ambos significassem o tempo presente, que no futuro é o passado, e que no passado é o futuro.
À medida que ia buscando inspiração e escrevendo os contos remanescentes, dois fatos felizes ocorreram. O primeiro foi ter enviado um conto para a primeira edição do concurso "Servir com Arte", em 2008, da Escola de Governo do Paraná, que premiava textos de servidores públicos estaduais nas categorias conto e poesia. Meu conto "Saudações do Futuro" recebeu o prêmio de Melhor Conto, figurando em coletânea publicada com os textos vencedores. Diferente do primeiro livro, cujo melhor conto, "Pinus", só o era mediante a opinião de amigos, meu segundo livro contaria - contará, melhor dizendo - com um conto premiado, de qualidade reconhecida. (Agência Estadual de Notícias - Vencedores do concurso Servir com Arte recebem prêmios na Escola de Governo - 11/11/2008)
O segundo foi o de ter, em buscas por inspiração, esbarrado várias vezes no conceito de dimensões empregado pela Física moderna, que trata o tempo como uma quarta dimensão, sendo as três primeiras - largura, altura e comprimento - dimensões espaciais. A quarta dimensão, assim, integra uma noção de espaço-tempo, essencial para a ciência moderna e empregada na Física Teórica quando se debruça nas especulações mais imaginativas sobre o futuro, como viagem espacial, teletransporte e viagem no tempo. O lampejo derradeiro, todavia, aconteceu em um daqueles momentos de devaneio, quando estava passando o tempo com um jogo que encontrei na Internet, que envolvia fazer o personagem pular para evitar os buracos em um túnel tridimensional que vinha cada vez mais rápido na minha direção. Falhei e recomecei inúmeras vezes, e em dado momento a constante repetição me atingiu com a ideia de chamar o livro de "A Quarta Dimensão". Minha apreciação por um seriado fantástico dos anos 50 chamado "A Quinta Dimensão" (originalmente "Outer Limits"), emprestava ao título algo de tributo e não tive mais dúvidas. (O jogo "Run", na página Kongregate, e um resumo sobre "A Quinta Dimensão")
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