Anúncio dos EUA em 2001: "Você não pode parar o tempo... Mas você pode voltá-lo uma hora às 2 da manhã em 28 de outubro quando o horário de verão termina e o horário padrão começa". |
A partir da zero hora do terceiro domingo de outubro de cada ano -- que foi ontem, para este ano -- a hora legal do Brasil foi adiantada em sessenta minutos, até a zero hora do terceiro domingo de fevereiro do ano que vem (20/02/2010). Esses são os termos do Decreto nº. 6.558 de 8 de setembro de 2008, que institui a "hora de verão" ou horário de verão.
A prática de ajustar as horas ao período iluminado do dia é antiga. Em Roma, por exemplo, o período iluminado era dividido em doze partes iguais, independente de quanto durassem, com os medidores de tempo contando com escalas específicas para períodos diferentes do ano. Assim, no solstício de inverno, o período diurno tinha uma "hora" de cerca de 45 minutos, para um total de cerca de 9 horas reais. No solstício de verão, era o inverso: o período diurno ficava com a "hora" tendo 1 hora e 15 minutos para um total de 15 horas reais.
O estadista estadunidense Benjamin Franklin (1706-1790), durante estadia diplomática na França, publicou em 1784 carta anônima satírica sugerindo que os parisienses economizariam se levantassem mais cedo e aproveitassem a manhã. Suas propostas incluíam a tributação de cortinas e persianas, o racionamento de velas e despertar o povo soando sinos de igreja e disparando canhões ao amanhecer.
George Vernon Hudson |
O horário de verão foi proposto pelo entomologista neo-zelandês George Vernon Hudson (1867-1946). Ele aproveitava as horas após o trabalho para coletar insetos e percebeu como eram valiosas as horas de sol. Em 1895 escreveu proposta à Wellington Philosophical Society de uma mudança de duas horas no turno para aproveitamento da luz do sol, dando sequência ao estudo em 1898. O inventor britânico William Willett (1856-1915) fez proposta semelhante em 1907, visando economia e prolongar seus jogos de golfe; ele é geral e erroneamente apontado como o inventor da ideia. Seu panfleto The Waste of Daylight teve dezenove edições, e sua defesa da medida rendeu um memorial em seu nome, um relógio de sol eternamente em horário de verão.
Os primeiros a adotarem o horário de verão foram a Alemanha (sommerzeit, literalmente "hora de verão") e seus aliados na Primeira Guerra Mundial, em 30 de abril de 1916. A medida visava economizar carvão durante a guerra. Nos anos seguintes a maioria da Europa fez o mesmo, com a Rússia aderindo em 1917 e os EUA em 1918.
A medida originalmente visava não apenas garantir horas adicionais de luz para atividades vespertinas, mas também economizar energia elétrica, reduzindo o uso de iluminação incandescente no fim da tarde. Todavia, desde 1975 vários estudos foram realizados e determinaram que não há economia significativa, principalmente com o advento de novas práticas e tecnologias de iluminação.
O horário de verão traz efeitos econômicos. Lojas se beneficiam porque as pessoas compram mais, principalmente produtos de entretenimento e esportes. Por outro lado, a mudança de horário pode prejudicar índices de audiência do horário nobre da televisão, frequência a cinemas e teatros e produção agrária, devido aos horários da mão-de-obra não se adequarem ao comportamento das lavouras.
Correlações entre o horário de verão e efeitos sobre a saúde e fatalidades vem sendo pesquisadas. A saúde pode ser afetada pela maior exposição ao sol e perturbações do sono. Durante a aplicação da medida, há indícios de que ocorrem menos acidentes automobilísticos fatais, mas pesquisas relacionadas à criminalidade foram inconclusivas. Vários países usam as datas de aplicação da medida para campanhas de atividades públicas, como praticar rotinas contra desastres, manutenção de equipamentos (por exemplo, detectores de fumaça ou termostatos), vacinações sazonais ou descarte de materiais perigosos.
Recentemente, o principal efeito procurado com a medida tem sido a atenuação do consumo de energia elétrica durante o chamado horário de ponta, o período do dia em que as pessoas retornam para casa. No Brasil, o Operador Nacional do Sistema Elétrico indica que com a redução da demanda no horário de ponta, a operação do suistema elétrico fica mais segura e com menor custo.
O Brasil adotou a medida pela primeira vez em 1931, em todos os estados, repetindo em 1932. Depois novamente de 1949 a 1952, erraticamente de 1963 a 1967, e mais regularmente desde 1985. Desde 1989 o horário de verão não se aplica a todos os estados, e desde 2004 aplica-se somente às Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Veja a Expectativa de Resultados do Operador Nacional para uma linha do tempo, um mapa múndi da medida e outros detalhes.
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