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29 de outubro de 2010

Lendo os tempos

É comum encontrar jornais com nomes contendo o termo times, em inglês "tempos". Tendo por propósito documentar fatos e o cotidiano de maneira periódica e continuada, é evidente a escolha do termo: o jornal torna-se fonte valiosa para a compreensão da época de sua publicação, não só pelos fatos documentados, mas também pelas imagens, pelos anúncios e pela linguagem que utiliza.

Antes de empregar o termo propriamente dito, um dos primeiros jornais do mundo já continha referência ao termo "tempo". Trata-se do Avisa Relation oder Zeitung, publicado na Alemanha em 1609. Zeitung significa "jornal" em alemão, com a etimologia do termo contendo zeit, "tempo". Há um jornal alemão chamado Die Zeit, publicado desde 1946.


Em Londres, John Walter (1738-1812) fundou o jornal The Daily Universal Register em 1º de janeiro de 1785, que exatamente 3 anos depois mudou de nome para The Times, o primeiro jornal a empregar o termo e o responsável por sua difusão. O jornal reúne vários feitos importantes e curiosos. Sua grande influência deve-se em parte a ter adotado cedo a imprensa rotativa a vapor e à distribuição por trens a vapor. Wickham Steed (1871-1956) fez uma série curiosa de editoriais, em 1914 opinando pelo ingresso do Império Britânico na Primeira Guerra Mundial, em 1920 acreditando nos Protocolos dos Sábios do Sião e chamando os judeus de "o maior perigo do mundo", e em 1921, quando um correspondente do próprio jornal expôs os Protocolos como falsificação, retratando-se pelo anterior. É considerado o primeiro jornal a empregar correspondentes de guerra, tendo enviado o repórter irlandês William Howard Russell (1820-1907) para cobrir a Guerra da Crimeia (1853-1856, entre Rússia e uma aliança anglo-francesa pela ocupação da Terra Santa). Em 1931, Stanley Morison (1889-1967) criticou a impressão e tipografia do jornal, que o contratou para desenvolver uma nova fonte tipográfica, a conhecida Times New Roman. O escritor George Orwell (1903-1950) tornou o jornal o órgão do Grande Irmão em seu romance "Mil Novecentos e Oitenta e Quatro", e Ian Fleming (1908-1964) tornou-o "o único jornal que [James] Bond lia". O jornal é publicado até hoje.


Nos Estados Unidos, uma das "crias" do The Times tornou-se tão difundido que o jornal londrino é lá chamado de The London Times ou Times of London. Em 18 de setembro de 1851, Henry Jarvis Raymond (1820-1869) fundou o New-York Daily Times, que mudou de nome para The New York Times em 1857. Em 1897 seu recente aquisidor, Adolph Ochs (1858-1935) cunhou o slogan que figura até hoje à esquerda do título: "All The News That's Fit to Print" ("Todas as notícias que se cabe imprimir"). Em 1904, o edifício de nº 1475 da Broadway tornou-se a quarta sede do jornal, no lugar chamado de Longacre Square que foi rebatizado, a partir daquela data, de Times Square. O jornal é o maior ganhador de Prêmios Pulitzer, atualmente com 101. O jornal é publicado até hoje.


Briton Hadden (1898-1929) e Henry Luce (1898-1967) criaram em 1923 a primeira revista semanal de notícias dos Estados Unidos, cujo título evidenciará a razão de sua menção neste artigo: a revista Time. A proposta da revista era contar as notícias focando em pessoas, e por muitas décadas a capa era dedicada a uma pessoa específica. Desde 1927, a revista elege a "Pessoa do Ano", a personalidade mais expressiva, fossem concretas ou abstratas, por bons ou maus motivos. A lista inclui Gandhi, João Paulo II, Martin Luther King, Hitler, o Aiatolá Khomeini, o Computador, a Terra Ameaçada, e Você. Em 1999 foi escolhida a pessoa do século: o cientista alemão Albert Einstein (1879-1955), por ser "o maior cientista de um século dominado pela ciência". A Time, Inc., companhia responsável pela revista, tornou-se parte do que é hoje o maior conglomerado de mídia do mundo e o segundo maior de entretenimento (depois da Disney), tendo se fundido com a Warner Communications em 1989 para formar o grupo Time Warner, adquirido pela AOL em 2000 formando a AOL Time Warner, que em 2003 reverteu o nome para Time Warner.

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