"Na Linha de Montagem" é o décimo-primeiro conto do livro. Do texto curto não caberia fazer amostra, portanto discutirei brevemente sobre o tema e sua publicação anterior.
O conto transcorre em uma linha de montagem de naves espaciais, como uma conversa entre dois montadores após um deles ter discutido com um superior. O conto foi escrito para publicação em um livro da série Perry Rhodan, editada no Brasil pela Editora SSPG. Além de episódios que dão andamento à cronologia da série, os livros traziam contos com temática compatível, ou seja, espacial.
Aceitei a oportunidade de redigir um conto pequeno, me impondo um desafio de não escrever um texto de ficção científica puro, mas com uma visão crítica sobre os elementos clássicos da ambientação. Visei então dar atenção não às maravilhas futuristas imaginadas pelos (geralmente) esperançosos autores, mas ao operacional requerido para executar tais maravilhas. Lembrei-me da infeliz realidade de incontáveis feitos técnicos de nossa história, como veículos e construções, aos quais são associados os nomes dos inventores e projetistas -- algumas poucas centenas -- contra os milhões de anônimos que retiraram matéria-prima, operaram máquinas, se arriscaram e se comprometeram para a difusão da tecnologia. Esses homens só são lembrados se ocorrem desastres, esquecidos pouco depois de surgirem nas notícias ou com seus nomes sepultados em placas de memoriais.
Fica difícil dizer a essas pessoas para se orgulharem de seus trabalhos e se sentirem bem por contribuírem para a sociedade da forma que conseguem, se a própria sociedade destina real reconhecimento de valor apenas a alguns poucos que tiveram a oportunidade e recursos para obterem formação e uma posição em que possam empregá-la, desfrutando dos privilégios subsequentes.
Um dos requerimentos inevitáveis de uma sociedade tecnológica é a mão-de-obra industrial. Só é possível que todos desfrutem de posições de trabalho intelectual quando (e se) houverem substitutos completos para o trabalho braçal, que alguns futuristas apostam que virão da robótica. Se for considerado o fator mais determinante de decisões referentes à produção industrial -- a lucratividade -- sobre o qual o custo da produção tem influência direta, pode-se especular que pode não existir, até num futuro distante, substituto economicamente viável para a mão-de-obra humana.
O tema do conto oferece uma janela para um futuro de gloriosas conquistas, mas voltado para uma conjetura realista que em última análise pode ser aplicada a toda a evolução da civilização humana.
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