Syd Mead |
Cada motorano nascia com uma marca peculiar entre os faróis da frente, que identificava a família original a que pertencia. Mesmo sem essa marca, era relativamente fácil identificar a descendência de um motorano ao analisar a forma de sua lataria. Apesar da grande polêmica, muitos diziam ser possível identificar alguns deles pelas capacidades inerentes à família, tais como potência maior do motor, maior aceleração ou velocidade final, maior capacidade de carga ou um melhor aproveitamento de combustível.
Os motoranos menos privilegiados tinham que se contentar com seus itens originais e mantê-los sempre na melhor forma possível. Mas algumas famílias poderosas ou indivíduos ricos conseguiam pagar para seus filhos as melhores oficinas e aprimoramentos.
Em seus primórdios, a sociedade motorana desenvolveu-se graças à força e capacidade de outros motorídeos para construir suas civilizações. Os grandes reboquinos e motorídeos tratores eram usados para cargas pesadas. As centomotivas carregavam muitas cargas com maior velocidade, percorrendo as trilhas que criavam. Diversos tipos de vacaminhões eram criados para ajudar na nutrição, pois consumiam óleos brutos impróprios para motoranos e os transformavam em combustível aproveitável. Barcarapaças que flutuavam nos mares serviram para percorrer suas distâncias e os motoranos conquistaram os céus usando os motorídeos voadores, ou aeros. Motóides e motociclinos, pequenos motorídeos de duas rodas, eram usados para guarda ou mantidos como motorídeos de estimação.
Mas os motoranos não subjugaram apenas outros motorídeos. As ilhas quadradas cercadas pelo asfalto eram habitadas por uma raça de pequenas e débeis criaturas que buscavam refúgio nos grandes aglomerados de postes. Comunidades desta forma de vida frágil podiam se estender por várias ilhas, conectadas por túneis subterrâneos ou por passagens sobre as faixas de asfalto. Estes chamados “humanos” são seres preguiçosos e ignorantes por natureza; seus corpos são fracos e suas cabeças pequeninas, denotando baixo intelecto e pouco caráter. Com chances de sobreviver evidentemente ameaçadas, os humanos foram logo empregados pelos motoranos, a princípio para fins de entretenimento.
Os motoranos menos privilegiados tinham que se contentar com seus itens originais e mantê-los sempre na melhor forma possível. Mas algumas famílias poderosas ou indivíduos ricos conseguiam pagar para seus filhos as melhores oficinas e aprimoramentos.
Em seus primórdios, a sociedade motorana desenvolveu-se graças à força e capacidade de outros motorídeos para construir suas civilizações. Os grandes reboquinos e motorídeos tratores eram usados para cargas pesadas. As centomotivas carregavam muitas cargas com maior velocidade, percorrendo as trilhas que criavam. Diversos tipos de vacaminhões eram criados para ajudar na nutrição, pois consumiam óleos brutos impróprios para motoranos e os transformavam em combustível aproveitável. Barcarapaças que flutuavam nos mares serviram para percorrer suas distâncias e os motoranos conquistaram os céus usando os motorídeos voadores, ou aeros. Motóides e motociclinos, pequenos motorídeos de duas rodas, eram usados para guarda ou mantidos como motorídeos de estimação.
Mas os motoranos não subjugaram apenas outros motorídeos. As ilhas quadradas cercadas pelo asfalto eram habitadas por uma raça de pequenas e débeis criaturas que buscavam refúgio nos grandes aglomerados de postes. Comunidades desta forma de vida frágil podiam se estender por várias ilhas, conectadas por túneis subterrâneos ou por passagens sobre as faixas de asfalto. Estes chamados “humanos” são seres preguiçosos e ignorantes por natureza; seus corpos são fracos e suas cabeças pequeninas, denotando baixo intelecto e pouco caráter. Com chances de sobreviver evidentemente ameaçadas, os humanos foram logo empregados pelos motoranos, a princípio para fins de entretenimento.
"Planeta Asfalto" é o décimo-terceiro conto do livro. A estória se passa em um futuro dominado por "motoranos", carros inteligentes, que reescreveram a história e noções naturais do planeta conforme o ponto de vista deles, tendo subjugado e escravizado os seres humanos.
A "nova história natural" que inicia o conto cria o ambiente para uma narrativa sobre crianças das duas raças: o motorano Max e o humano Júlio. A amizade conturbada dos dois sofre um abalo crítico, que culmina em um choque fundamental na relação entre o homem e suas criações. Todavia, o conto pretende ser desde o início uma exploração de diferenças de pontos de vista. Pretende ser um conto motorano, e não humano.
Gosto de brincadeiras de percepção em meus contos, ou seja, usar elementos que criem expectativas e depois subvertê-las, para denunciar os vícios e falhas na transformação de estímulos e impressões em conceitos. A mídia escrita é particularmente propícia para isso, pois além de permitir explorar a tendenciosidade psicológica de personagens -- e através deles, a dos leitores -- permite explorar também as limitações da linguagem, na forma como ideias e sentimentos são expressos e captados. Esse conto é um experimento nesse sentido, através do uso de uma premissa familiar com inversão de papéis.
O cenário a ser utilizado para explorar essa ideia ainda estava em aberto, até eu ler uma graphic novel excelente intitulada "Era Metalzóica" (Metalzoic, 1986), do roteirista Pat Mills e desenhista Kevin O'Neill, em que robôs têm formas e comportamentos animais como se fossem formas de vida naturais. A brincadeira com a evolução do mundo me instigou e criei um cenário próprio de "extrapolação da biônica", depois de ler um artigo sobre um "carro do futuro", repleto de sensores e controlado por um computador de bordo.
O título era originalmente "Asfalto", pois é como os motoranos chamam o elemento correspondente ao que dá nome ao nosso planeta, "Terra". Acatei a sugestão de minha namorada -- e maior contribuidora -- de adicionar "Planeta" para tornar a alusão mais clara.
Veja também este excelente artigo sobre visões de várias montadoras para veículos daqui a cinquenta anos. Desconfio dessas previsões: já é 2010 e nada de carros voadores!
1 comentários:
Interessante!
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