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22 de junho de 2010

Visita à aurora paranaense

Hoje estive em Paranaguá, na esperança de encontrar o único livro que falta de meu bisavô para meu projeto de publicar sua obra completa. Discutirei este e outros projetos em postagem própria. Sobre a viagem, fiz visita improdutiva à Biblioteca Municipal Leôncio Correia, e, talvez graças à oportuna greve dos funcionários públicos na cidade, o Centro de Letras estava fechado. Não posso dizer que meu último e principal destino foi totalmente improdutivo: logo que cheguei, estive no Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá.


A despeito de ter me informado um dia antes que o estabelecimento estaria aberto, fui informado que a biblioteca estava passando por um recadastramento e higienização do acervo. Mas a funcionária me orientou a retornar no período da tarde e tratar com o "sr. José Maria", o que fiz.

O senhor José Maria Farias de Freitas estava tratando com outra pesquisadora, Ethel Frota, esta tendo assumido uma pesquisa ousada sobre um fato de nossa história para tratar em um romance. Ele me recebeu graciosamente e após lhe explicar o objeto de minha pesquisa, disse não ter o livro que procurava, mas me permitiu consultar a coleção da revista parnanguara "O Itiberê". Em pesquisas anteriores, havia encontrado poemas de meu bisavô em exemplares desta revista, e a viagem logo prometia não ser de todo perdida. E não foi: encontrei cinco poesias que não havia ainda encontrado, obrigando-me a manifestar aqui meus agradecimentos ao sr. José Maria. Transcrevo a seguir, ipsis literis, um dos poemas de meu bisavô.

TEU RETRATO

Esses teus olhos, flor, cujo negrume
Idéa dá do lucto de minh’alma,
Têm todo aquelle extraordinario lume
Das estrellas do Azul em noite calma.

Essa tua bocca rubida o perfume
Raro contêm de viridente palma;
A tua voz recorda a voz de um nume
Cuja doçura vendavaes acalma.

Teus cabellos são de ebano, tão pretos
Como a melancolia dos sonetos
Em que descrevo o meu amor adverso.

Teus pés, tuas mãos, teu corpo... Fada,
E’s a belleza personificada
Que eu emmolduro dentro de meu verso.

Adolpho Werneck
"O Itiberê" nº 35, Março de 1922

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